terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Mídia-Educação no contexto escolar: mapeamento crítico dos trabalhos realizados nas escolas de Ensino Fundamental em Florianópolis
Silvio da Costa Pereira
           1. Introdução
Muito além de simples novidades tecnológicas, os diversos meios de comunicação1 que vêm sendo criados a partir do domínio técnico da eletricidade e das ondas eletromagnéticas atuam na produção e na disseminação de cultura, moral e ideologia. Se antes o jornal e os livros já o faziam, isso foi bastante expandido pela massificação do uso dos novos equipamentos, e tem alterado substancialmente a forma de nos comunicarmos. “Ao interferir nos modos de perceber o mundo, de se expressar sobre ele e de transformá-lo, estas técnicas modificam o próprio ser humano” (BELLONI, 2005, p. 17). Faz-se, portanto, necessário, refletir sobre a presença dos meios de comunicação em nossas vidas, para que deles possamos nos apropriar de forma crítica e criativa. Para que possamos escolher quais mídias são mais apropriadas às nossas necessidades pessoais e coletivas, quais usos desejamos dar a cada uma, ou quais usos pretendemos evitar.
Hoje, escola, família, grupos sociais e meios de comunicação são compreendidos como importantes espaços educativos e socializadores. Isso ressalta a importância de haver, dentro das escolas, das famílias e das demais instituições sociais, espaços de reflexão a respeito do papel político, cultural e econômico das mídias. As tecnologias de informação e comunicação mudaram nossas vidas, e por isso cada vez mais pessoas têm passado a se preocupar em mudar a vida das mídias. Embora os fanzines e jornais comunitários já fossem feitos nessa perspectiva, a proliferação de rádios e TVs comunitárias, sites, blogs e o uso de espaços de compartilhamento de produções midiáticas, como o You Tube, são sinais desta crescente necessidade de expressão pública e apropriação do espaço midiático. Aponta também para a ampliação de alternativas à grande mídia, possibilitada pelas novas tecnologias.
Por outro lado também é importante enxergar a explosão do uso de mídias para a comunicação interpessoal. Os múltiplos usos dos celulares (para troca de mensagens de texto, fotos e vídeos, além da tradicional conversa por voz já existente nos telefones fixos) e computadores (MSN, Orkut, e-mails, telefonia por IP, chats, etc.) demonstram a incorporação das novas mídias ao cardápio comunicacional dos brasileiros, em especial dos mais jovens.
Escola e tecnologia: uma conversa
 Alberto Tornaghi1
Tecnologia, sociedade e educação
Texto extraído de SALTO PARA O FUTURO / TV ESCOLA
WWW.TVEBRASIL.COM.BR/SALTO
Escola faz tecnologia faz escola – Programa 1

1.Introdução
“As coisas tinham para nós uma desutilidade poética.
Nos fundos do quintal era muito riquíssimo o nosso dessaber.
A gente inventou um truque pra fabricar brinquedos com palavras.”
Manoel de Barros, em Livro sobre nada.
Este texto abre a série “Escola faz tecnologia faz escola...” criada para o programa Salto para o Futuro, da TV Escola.  O que se propõe aqui é refletir sobre como tecnologia e escola se modificam mutuamente, quais os diálogos possíveis entre estes seres, ambos produtos do trabalho humano, ambos produções sócio-técnicas.
Aproveitando Manoel de Barros, propomos nos apoiarmos em nosso “dessaber” , em nossos “dessaberes” , para inventar brinquedos novos: com palavras, textos, imagens, sons etc.  É riquíssimo todo “dessaber”  que nos permite aprender.  E o que mais queremos da escola?
O que é uma escola? São seus muros? Suas salas? Seus professores e alunos? Os funcionários? Nada disso é uma escola. Tudo isso junto talvez forme uma escola. Tudo isso e muito mais: livros, cadernos, conhecimento, ignorância, curiosidade, parcerias... Propomos pensar a escola, cada escola, como um local onde se corporificam relações de ensino e processos de aprendizagem.
E o que a tecnologia traz para a escola?  Traz outras formas de aprender e outras coisas a aprender. 
Mas... e o que é tecnologia?  Onde há tecnologia?  
Comecemos, então.
2. Escola e tecnologia: quem faz o quê?
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás,
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
«Caminante no hay camino,
se hace camino al andar»
CANTARES - Antonio Machado e J. M. Serrat.

Freqüentemente, quando se fala em tecnologia na educação, logo pensamos em computadores, Internet... Mas isso é pouco, é reduzir muito o gênio da criação humana. Tecnologia é mais do que isso. Há tecnologia em cada lápis que usamos, no quadro de giz, nos livros, nas cadeiras em que sentamos. Veja só a revolução social que representou a imprensa. Podemos imaginar uma escola, hoje, sem livros, sem material impresso? 
O trabalho na escola lida o tempo todo com tecnologia, mas raramente se ocupa de produzi-la. O que as tecnologias digitais nos trazem de especial é a ampliação das possibilidades de produzir conhecimento e divulgá-lo, compartilhá-lo.
Interfaces digitais para a organização e representação do conhecimento
Aneridis Monteiro[1]
           
          Vivemos em um mundo de constantes mudanças, principalmente do ponto de vista da aprendizagem. Há um número representativo de pessoas que tem dificuldades em aprender o mínimo necessário exigido para sobreviver nos dias atuais, pois há uma avalanche de informações; o que necessariamente não significa dizer uma avalanche de conhecimentos.
 Pode-se afirmar que nunca as pessoas de uma sociedade foram tão bombardeadas com tantas informações simultaneamente. Este momento social pode ser denominado de “sociedade da aprendizagem”, uma sociedade onde “aprender constitui não apenas uma exigência social crescente – que conduz ao seguinte paradoxo: cada vez se aprende mais e cada vez se fracassa mais na tentativa de aprender” (POZO, 2004).
O referido autor afirma ainda que “essas demandas crescentes da aprendizagem produzem-se no contexto de uma suposta sociedade do conhecimento, que não apenas exige que mais pessoas aprendam cada vez mais, mas que aprendam de outra maneira, no âmbito de uma nova cultura da aprendizagem, de uma nova forma de conceber e gerir o conhecimento, seja na perspectiva cognitiva ou social” (POZO, 2004).
Sendo assim e transportando esta reflexão para o interior das instituições escolares temos que nos reportar-nos à possibilidade do uso das tecnologias como formas alternativas de aquisição de conhecimentos, e que essas tecnologias impliquem “formas específicas e identificáveis de mudança social, econômica e cultural, ou seja a assunção da tecnologia como elemento integrante e essencial na organização social e da nossa experiência subjetiva.” (DAMASIO, 2007, p. 67).

sexta-feira, 16 de maio de 2014